quarta-feira, agosto 05, 2009

tempo...

Faz tanto tempo que não venho aqui que até o blogger esqueceu de mim. Tive que digitar meu login, ali, na página de entrada. O blog esqueceu de mim, que dirá quem lia.
Entro aqui como o dono do bar que fechou. Olho as mesas vazias que já abrigaram garrafas e pratos e que agora abrigam cadeiras, que já abrigaram bundas.
Ouço o silêncio que já abrigou o murmurinho de opiniões, tilintar de copos, abrir de rolhastampas, cair de talheres, pisar de sapatos e pés descalços, gaguejar de discos riscados, tapas na cara, gargalhadas, dobrar de jornais, pigarros de nicotinalcatrão, suspiros e olhares. No balcão eu conto cada um dos cotovelos que pediu bebida ou arrego.
O curioso é que o bar não fechou.
Bares não fecham, tiram férias. Saem para dar uma volta. Sacodem a poeira, talvez de antigos clientes, talvez de antigos hábitos, talvez de si mesmos, talvez para mudar de dono. O bar com as portas fechadas é repositório de tudo o que se passou ali dentro. No silêncio e no escuro as coisas todas são, o tempo todo.
Acontece que em tempos de facebook e twitter o boteco teria que abrir todo dia, oferecendo novidades a cada 15 minutos para manter a clientela entretida.
Cá pra nós, garçom nenhum tem saúde para tanto malabarismo, nem fôlego pra tanto assunto, nem fígado pra tanta sabedoria.
E esse garçom anda meio convencido que nem sempre falar demais é falar bem - não que falar de menos signifique falar bem...existem idiotas prolixos e idiotas silenciosos. Mas entre os dois, prefiro ser um idiota silencioso, que pelo menos aí eu consigo calcular o tamanho das bobagens que eu disse e seu respectivo estrago na minha já arranhada reputação de escritor de bobagens e blogueiro inconstante.
Por favor, não considerem isso aqui uma crítica/repúdio à rapidez com que a informação anda se espalhando.
É que estou aqui ouvindo música, bebericando cerveja e cachacinha. Renata está aqui ao lado e a gente se gosta. As coisas vão bem. Eu gosto de tudo, e achei que isso rendia mais do que 140 toques ou um link para algo que alguém em outro lugar do universo escreveu.
E desculpem, mas só vou escrever nesse espaço de novo quando eu achar que tenho algo realmente importante pra dizer. Bobagem ou não.
E por falar em coisas importantes, a coisa mais importante que aconteceu nos últimos tempos fora o retorno da Renata foi eu ter parado de fumar. Mas isso é assunto para outro post.

domingo, junho 07, 2009

Demônios da Garoa

O mais paulistano dos grupos de samba é também o mais longevo grupo musical em atividade ininterrupta do mundo. São 66 anos (!) de muita irreverência, lirismo, e brachola.
Eis que ontem, 6 de junho, eles se apresentaram no Sesc Pompéia para comemorar o lançamento do livro do jornalista Assis Ângelo, que se lançou à tarefa de compilar a rica história do conjunto em um volume de duzentas e tantas páginas.
Esbanjam jovialidade os Demônios, como vocês mesmos podem conferir nesses videozinhos muito chinfrins que fiz com o celular. O que se perde em qualidade de vídeo, porém, ganha-se em diversão...olha aí.

As Mariposas


Piadinha...

sábado, maio 09, 2009

Profissão: jornalista

A decisão final (espera-se) deve ser tomada ainda esse ano pelo Supremo Tribunal Federal.
Vale mais um diploma de jornalista adquirido nas coxas de universidades caça-níquel ou a experiência de um profissional forjado no fogo de uma redação? E reparem que fui absolutamente subjetivo nessa proposição, bem à moda dos articulistas, tão em moda na nossa imprensa onde se obriga o diploma para o exercício da profissão de jornalista (e fui subjetivo de novo, tá?).
De um lado, o medo de que as porteiras das redações sejam abertas a qualquer idiota com qualquer idiotice a ser dita.
De outro, o medo de que as porteiras das redações fiquem fechadas para que idiotas selecionados digam suas idiotices.
Afinal, é um pedaço de papel que vai dizer que eu tenho "what it takes" para ser um jornalista?
Afinal, "what it takes" para ser um jornalista? Vocação? QI - o mensurável ou o indicável? Sangue azul? Sangue preto de tinta de impressão?
Sei que, por alto, na minha sala de aula, dos 42 proto-jornalistas, devem se tornar profissionais uns 5. E olhe lá!
Precisa de tanto trabalho-tempo?
Será que não mais-valia jogar o povo na redação pra ver no que dava?
Sei lá. Tou perguntando.
Sei que segundo o Observatório de Imprensa as coisas aí por fora das nossas porteiras funcionam assim, abrindo aspas:

A profissão pelo mundo

Assim como o Brasil, muitos países regulamentaram o ofício apenas no século 20. O Conselho Europeu de Deontologia do Jornalismo estipulou, em 1993, que os profissionais da área devem ter uma formação adequada. Essa formação varia de país para país, podendo ser horas de trabalho ou cursos.

** Alemanha: a profissão é regulamentada por meio do reconhecimento conjunto, por parte das empresas jornalísticas e das organizações profissionais, de um período de aprendizado prático de 18 a 24 meses.

** Argentina: para trabalhar como jornalista, não é necessário diploma universitário em qualquer área; basta provar que se atua na profissão.

** Bélgica: no país existe uma organização profissional que reconhece a ausência de impedimentos para o exercício da profissão. Mas existem vantagens salariais para os diplomados.

** Chile: não é necessário estar ligado a qualquer órgão de imprensa para exercer o jornalismo nem ter diploma universitário para desempenhar a função.

** Dinamarca: o acesso à profissão é condicionado à licença emitida pelo sindicato nacional dos jornalistas.

** Espanha: as regras no país são: ter nacionalidade espanhola, inscrição no registro de jornalistas e também a posse de diploma em Ciências da Informação ou experiência profissional entre dois e cinco anos.

** França: não há obrigatoriedade de qualquer formação superior.

** Grã-Bretanha: é necessário um estágio em empresa jornalística ou curso preparatório do Conselho Nacional de Treinamento de Jornalistas.

** Grécia: no país, existem duas opções: diploma em Jornalismo ou experiência de três anos na área.

** Itália: a profissão é regulamentada desde 1963, porém, desde 1908 é reconhecida legalmente. Não há obrigatoriedade de formação superior, mas para trabalhar é necessário o registro na ordem dos jornalistas, que é concedido somente após um estágio de 18 meses, comprovação de, pelo menos 45 horas de curso, e aprovação em um exame de proficiência.

terça-feira, maio 05, 2009

Virada Cultural 2009 - um apêndice

Durante o show do Odair José, conversávamos Herbert e eu sobre o papel da música dita brega.
Afinal de contas, o que tem de diferente naquilo que cantam o Odair, ou o Benito di Paula, ou o Wando se comparados com grandes monstros masters da música brasileira?
Se esses falam de coisas como romance, traição, dores-de-cotovelo, não o fazem também Jobins, Buarques, Vinicius e Gilbertos?
(Tenho que tomar cuidado com esse post, corro o risco de falar bobagem ou inflamar ânimos).
Tenho pra mim que a grande diferença entre esses artistas esta na forma como se traduzem os mesmos sentimentos.
Tem gente que se emociona com Chico cantando "Eu te amo", tem gente que se esbalda com Odair cantando "Doméstica". No limite não estão falando das mesmas coisas?
Mais lenha na fogueira foi inconscientemente colocada pelo Lucas quando me mostrou um artigo do Diogo Mainardi na Veja Online (não vou me dar ao trabalho de linkar...busquem aí, se tiverem saco).
No dito, Dieguito - el pela saco - faz uma crítica dos shows do Radiohead e do Kraftwerk em SP mês passado. Usa o espaço pra dizer que não gosta, não vê sentido, sente que sua geração foi perdida musicalmente. Tudo com sua verve punheteira característica.
O amor do cara pelo próprio umbigo não é o ponto onde quero tocar.
O ponto é que tem muita gente que se preocupa demais com forma e esquece um pouco do conteúdo. ( Os belos livros da Cosac-Naify não seriam mais um sintoma desses tempos?)
Não estou pregando um libelo a favor da música brega, mas também não estou fazendo o inverso. A pergunta é clara: quando falamos de arte, não estamos jogando com os mesmos sentimentos humanos desde sempre, independente do pacote?

domingo, maio 03, 2009

Virada Cultural 2009

Bacana essa edição da Virada...
Notamos algumas coisas como a maior quantidade de banheiros, a maior quantidade de informação sobre os palcos (toda esquina exibia totens com direção para os palcos e programação de cada um deles) e maior quantidade de bêbados.
Foi uma turma boa, representando as amizades distantes: Renê, Cabral e Bi, Herbert e Débora, a Jéssica - representando os colegas da Unip - e eu.
Abrimos os trabalhos na casa do Herbert e com o show do grande Benito di Paula, visivelmente bêldo e genial...Não faltaram clássicos como "Meeeeu amigo Charlie Brown" e outros de que não lembro.
Findo o show, demos um rolê pra ver o show do Joelho de Porco no palco dos roqueiros na República, mas pintou uma certa urgência, causada pelo alto consumo de cerveja e de uma bebida que a Bi descolou, que tinha o sugestivo nome de "pau do índio". A petizada precisou fazer xixi.
Até então, não tinha me atinado que agora sou possuidor de um celular que faz vídeos razoáveis e que podia postar os vídeos aqui pra dar uma idéia da festa pra vocês, mas consegui capturar o momento em que buscamos esse item raro para as mulheres: banheiro limpo e com papel:





Daí eu tive um pequeno piriri causado por um filé de brontossauro consumido no almoço e acabei indo pra casa cedo, o que até foi bom porque eu tinha planos de ver o show do Nação Zumbi ao meio dia do domingo. Vi o dito com o Herbert e a Débora.
Depois do Nação, Herbert e eu fomos ver Odair José, no mesmo palco onde já tinha se apresentado Benito di Paula. Se tivesse que votar no melhor palco da virada, votava nesse. Taí um videozinho que mostra um momento inusitado do show.



Por fim, uma homenagem pra Renata, na voz do grande Odair...

sexta-feira, abril 24, 2009

Sem idéias...


Comentava com o Lucas agora, enquanto fuçava na internet e trombava com esse site: como pessoas que sabem desenhar se saem muito melhor com a falta de assunto do que as pessoas que sabem escrever apenas.
O cidadão deita o lápis no papel e logo vem quinhentas e vinte e cinco imagens fabulosas e que não querem dizer absolutamente nada mais do que "estou sem idéias"...
invejinha...

quarta-feira, abril 08, 2009

Obrigado por não fumar

A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo legislou e aprovou lei que proíbe qualquer manifestação tabagística em ambientes fechados dentro do Estado de São Paulo. O fez em ambiente fechado, mas arejado. Livre da poluição dos automóveis e motocicletas que agora tem o IPI reduzido e repassado pro tabaco, que agora é proibido dentro de ambientes fechados dentro do Estado de São Paulo, mesmo que em fumódromos, que devem ser extintos quando em lugares fechados.
Seu Osvaldo, dono do bar perto da unidade Vergueiro da UNIP, perguntado sobre a possibilidade da votação da moção, filosofou:
- Se passar, essa porra desse bar vira um bar de fumantes e pronto!
Juninho, colega de classe e cronista das mazelas tabagísticas postou aqui sua opinião.
Eu me pergunto se eu tenho saúde pra entrar nessa rusga.
Digo só que fumante é um ser dócil, facilmente reproduzido em cativeiro. Apanhamos e aguentamos cara feia - dos vizinhos de mesa no bar à da senhorinha no ponto de ônibus que achou de parar do nosso lado mesmo vendo que estávamos fumando só pra fazer cara feia. Aguentamos os comentários de anti-tabagistas de plantão no escritório ( Puta cheiro de cigarro aqui!). Aguentamos a imposição do fumódromo, humilhação máxima, em que fomos reduzidos a atração de circo para os filhos babões de adeptos da geração saúde: "Olha filho, aquilo ali é um fumante...é um ser bem sujo que só não se reproduz porque é broxa".
Resumindo, ou paramos de fumar ou seremos expulsos para guetos.
Veríssimo, em uma crônica genial, propunha diferentes versões da terceira guerra mundial e uma delas seria entre fumantes e não-fumantes. Tem gente que está se esforçando pra que a ficção vire realidade.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Bar D´Essai

Bartolomeu é barítono. Baruque, bartender. Barbarizam em bares barulhentos, barões do baralho. Na barafunda, entre baratas e barangas, bodeiam.

Pererecas perdidas perseguem pernambucanos. Pérfidas, permeiam pernas. Perseguidas, pressentem perigo. Peralteiam. Perambulam. Diminui o percentual de pererecas per capita.

Desacreditado, Décio desiste de ser desmiolado. Desta feita, designa dezenas de milhares à destemperança - melhor destino - com vinhos destintos. Desfaçatez?

Cigarros sibilam pulmões de Cíntia. Sinistra situação. Sílvia silva: sinceramente, Cíntia!

Freackin´foolish fist fuckers force their farts for free fodka.

sábado, fevereiro 07, 2009

Renata faz anos

Logo mais é 8 de fevereiro. Vai ser o primeiro aniversário da Renata que passamos longe um do outro desde que nos conhecemos.
Se ela estivesse aqui a casa estaria cheia de gente agora, estaríamos fazendo mais uma festança.
Vou guardar essa festa que não está acontecendo no pacotinho de saudade que venho fazendo durante esses dias. Mais uma saudade que vamos ter que matar na volta.
Mas nada de tristeza! Se não podemos fazer uma, resgatemos aqui algumas que passaram, para nos inspirar a organização das outras muitas que virão.












Feliz aniversário querida, toda felicidade do mundo pra você.
Com amor e saudade.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Um dia na pastorlândia.

Acordei cedo como fazia tempo que não era habitual. A instrução era aparecer na Record às 9 horas da madrugada, o que consegui sem maiores problemas.
Todas as segundas-feiras o processo se repete, me disse a representante do RH: entram funcionários para ocupar vários cargos diferentes. Todos se reúnem no auditorio para ouvir a mesma prelação.
O representante do corpo de bombeiros nos explica sobre a importância de chamá-los diante de qualquer emergência. E nos entraga um livreto.
O representante do CIPA (Comitê Interno para Prevenção de Acidentes) nos divulga a importância de manter um ambiente de trabalho livre de riscos de acidentes. E nos entrega uma brochura.
São seguidos pela representante do RH que nos dá instruções sobre o funcionamento da empresa. E nos entrega uma pasta com folhetos e mais brochuras.
Seguida por um representante da associação de funcionários que após sua exposição nos entrega uma série de folhetos apresentando as vantagens de deitar 0,5% do salário em prol da entidade.
Recebemos crachás eletrônicos e tiramos fotos para as capas dos mesmos. Aprendemos que para entrar, devemos encostá-los no relógio ponto digitando uma sequencia numérica para entrar e outra para sair.
Não estou sendo irônico. É a primeira empresa em que trabalho onde essas coisas são levadas realmente a sério. Foi uma boa primeira impressão.

Fomos levados pela representanta do RH para um passeio pela empresa. Num labirinto de corredores líamos placas que diziam "Departamento de cinema", "Negócios Internacionais", "Tecnologia da Informação" e outras. Demos de cara com um estúdio a pleno vapor onde uma multidão de garotas em fila aguardava sua vez de entrar em cena. Algumas, dentro do estúdio, ensaiavam passos de dança. Do lado de fora, homens com jaquetas de clubes de motociclismo se apoiavam em Harley-Davidsons e aguardavam sua deixa, enquanto suas motos eram montadas por moças em trajes mínimos. Caos organizado.

Finalmente fomos encaminhados aos nossos departamentos. Descobri que ia trabalhar com uma das garotas presentes (não das que estavam montadas nas motos) e um cara de Curitiba, que teve transferência para a SuperCap.

A coordenadora do nosso setor nos deixou sob responsabilidade de uma estagiária mais experiente que nos levou a uma série de departamentos, despejando informações complexas sobre fitas e a complexa rede formada pelo fluxo destas fitas. As fitas, entendi, são o coração de qualquer produção televisiva.

No fim de tudo, fui apresentado ao responsável pela área onde estarei efetivamente estagiando, dentro do setor onde estou. Dele sairão minhas principais atribuições.

Exatamente às 15horas, hora em que se encerra meu expediente de estagiário, fui dispensado. Testo o ponto com o cartão que recebi. Funciona perfeitamente. Sou informado que o meu expediente, à princípio, comecará às 10h30, terminando às 16h30. Não posso pedir mais para um começo de carreira. Não mesmo.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Café dos Maestros

Um velho tocador de bandoneón avisa na tela: "Se você ouvir um tango e não sentir nada no peito, melhor se dedicar a outra coisa".
Lembro de um disco do Piazzolla em casa, uma dessas coletâneas. Foi meu primeiro contato consciente com o tango. Lembro de chorar ouvindo "Balada por un loco".
Walter Salles se junta a um produtor argentino (Gustavo Santaolalla - vencedor do Oscar por Brokeback Mountai) para contar uma história. De velhos músicos que tocavam em cafés de Buenos Aires quando o tango era tudo o que se ouvia. "O tango é a única coisa que não importamos da Europa", diz um. São velhos homens que sabem das coisas. Passaram por bons e maus bocados. Os produtores resolveram se concentrar na música ao invés da história e criaram um clone de Buena Vista Social Club, com outro ritmo.
É bonito, plasticamente. Velhos e amargurados tangos contrastam com a paisagem urbana da capital argentina. Com as ruas do centro. Com a Casa Rosada. Com La Boca. Com a Bombonera. É uma história velada.
Não dá pra deixar sentir que podia ter ido mais longe. A última meia hora, passada numa grande apresentação no Teatro Colón, se limita a flashes de várias músicas como querendo dar um panorama geral da grande noite daqueles senhores. Melhor seria uma seleção de quatro ou cinco músicas completas. Não se ouve um tango pela metade.


Lágrima Rios é uma uruguaia, cantora de um estilo dos bairros do sul de Montevidéu chamado candombe e consideraga grande intérprete do tango. É apresentada rapidamente. E não aparece na apresentação do teatro Colón. Ela morreu em 2006.


O brasileiro se gaba muito de ser um povo caloroso. De levar a latinidade às últimas consequências. Observei o comportamento daqueles senhores e me perguntei se era verdade. Muitos deles na casa dos 60 anos, se abraçando, trocando beijos, se olhando nos olhos. O corporativismo do mundo artístico, pensei. Fui desmentido por um deles, no hipódromo, contando histórias de apostas em cavalos. É reconhecido por um fã, também na casa dos 60, que não hesita em abraçá-lo e beijá-lo: "Obrigado pela música, maestro. Que voz!"

terça-feira, janeiro 20, 2009

O presidente


Um momento histórico; cheio de simbolismos deixados de lado pela cegueira da imprensa brasileira: é minha impressão da posse de Barack Hussein Obama como o 44º presidente estadunidense, primeiro afrodescendente.
Acompanhei todo o processo pela TV e pela internet. No tubo, alternei entre CNN, GloboNews e uma ou outra zapeada pela Globo e Record. Na rede, acompanhei as manchetes de Estadão e Folha.
Tudo o que podia ser dito sobre a importância desse dia na história da política americana - e por que não, mundial - já foi dito, então vou poupá-los de mais uma análise pessoal ou repetições maçantes.
Quero concentrar palavras na lição de jornalismo que tive hoje, vinda da CNN, na figura da equipe comandada por Wolf Blitzer e Anderson Cooper, jornalistas experientes e grandes analistas políticos. Jornalistas, acima de tudo.
Quero contrastar alguns momentos da cobertura desse canal com a dos canais e websites brasileiros, a título de curiosidade.

1 - Durante a entrada dos convidados especiais que atenderiam à cerimônia, a CNN tinha um time de jornalistas analisando personagens e história política das figuras mais imporantes. Globonews, na figura da incomparável Cristina Lobo, dizia gracinhas sobre os modelitos de algumas das presentes e se excitava com a presença de Steven Spielberg e Denzel Washington.


2 - Durante o juramento - um dos mais importantes momentos da cerimônia - o Juiz Federal responsável por tomá-lo de Obama cometeu um erro grave: inverteu a segunda frase, causando um certo desconforto da parte do presidente, e comentários sarcásticos da CNN. Nas palavras dos repórteres e comentaristas da rede: "Cagou". Nas palavras da Globo, Folha e Estado: ...silêncio.

3 - Após um grande discurso proferido pelo presidente empossado, a CNN se apressou com análises sobre pontos importantes e sutilezas encontradas a saber:
- A crítica ao governo Bush nos quesitos educação, fomento à ciência e saúde. E a exarcebação do medo por parte daquela administração.
- As citações claras a momentos da história da luta pelos direitos humanos dos anos 60. Ele chega a citar um hino muito usado nas manifestações do período.
- Os paralelos feitos com os desafios dos grandes presidentes da história e os desafios que tem que ser enfrentados agora.
Manchete do site da FSP após o discurso ( muito após essas análises serem feitas ). "Obama endureçe discurso contra terroristas".

4 - Já na parada, um ônibus branco surge entre uma banda e outra. Wolf se apressa em exigir que alguém descubra de que se trata. Não se passaram 2 minutos para informarem que se tratava de uma homenagem a Rosa Parks, costureira de Detroit que se recusou a dar seu lugar no ônibus a um branco, na década de 50. No Brasil?...

Coincidentemente, terminei ontem a leitura do fantástico "Fama e Anonimato" de Gay Talese. Aula de jornalismo investigativo, o livro ensina que quem não suja os sapatos não conta histórias. As redes e jornais brasileiros parecem ter medo de sujar os sapatos. Dispõe de aparato naquele país mas se restringem a comprar as imagens e analisá-las do estúdio. Flashes da GloboNews mostravam o belo estúdio em Nova Iorque, onde uma jornalista insípida dizia o que estava vendo da janela. No Jornal Nacional, Giuliana Morrone andava com a multidão, falando do tempo, do frio que fazia. Tudo muito jóia, tudo muito legal. Fez metade do trabalho, sujou os sapatos.

É sintomática a falta de preparo de boa parte dos jornalistas brasileiros. Eu não quero ser acusado de jogar confete na cobertura da CNN. Houve momentos em que eles também estavam deslumbrados, senão com os fatos, com a tecnologia que apresentavam pela primeira vez. Mas posso dizer que vendo a cobertura deles eu aprendi. Tinha conhecimento ali. Muito além das pessoas que enfrentaram o frio do Jornal Nacional, muito além do discurso duro que a Folha viu, muito além dos risinhos da Cristina Lobo (Lobo, Wolf...sacaram??) no GloboNews.


Em tempo: A Folha conversou com o professor Carlos Melo, do Ibmec, que contou pra eles como o discurso de Obama estava repleto de simbolismos. Eles resolveram ouvir e mudaram a manchete. Clap, clap, clap.


sexta-feira, janeiro 16, 2009

Cuspe

estico as mãos na frente do teclado como se fosse disparar uma metralhadora. Tá mais pra cuspe. Não contra nada, não contra ninguém. Cuspe assim, como quem está andando na rua e pára (segundo as novas regras do português canônico é "para", depois querem que levemos essa língua a sério) para cuspir. Já viram a cena? O sujeito para. Limpa a garganta. Puxa do âmago aquele escarro que o entope e o deita no asfalto, para quem quiser pisá-lo.
E pisamos. Andando nessa ou naquela rua. São milênios de escarro intencionais ou não. São desabafos e desagravos nas solas dos nossos sapatos. São juras de morte amontoadas sob décadas de desabafos inúteis. É o governo que não funciona. É o lixo e a lama. É a lama, é a lama.
Daí você se pega cuspindo. Garganta travada. Gosto amargo. É seu fígado? E se for? E daí?
Cospe que seu cuspe chega à lua. E volta na sua cabeça, natureza do cuspe.
Chato pra cacete, né?

how?

Will i hurt me, baby?
Really hurt me, baby?
How can you have a day without a night?
You´re the book that I have oppened
And now I´ve got to know much more.

Like a soul without a mind,
in a body without a heart
I´m missing every part.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Do passado, do presente, da saudade e do futuro




Faz pouco mais de 7 anos que conheci a Renata. Foi pela internet e foi despretensioso. Começou assim, sem grandes planos, sem grandes pirações, um dia depois do outro.
Acho que foi um mês depois de conhecê-la que ela foi viajar com umas amigas para Ilha Grande, no RJ. Estava sossegado no trabalho, e senti uma urgência de ir me despedir dela na rodoviária, levando um singelo bilhetinho de boa viagem. Acho que foi ali que fui definitivamente pego. Me peguei apaixonado por ela.

Mais um mês e era fim de ano, passamos juntos em Bertioga com a família gigante dela. Ali, eu a pedi simbolicamente em namoro na beira da praia na tarde de 30 de dezembro de 2001.
Veio 2002 e em janeiro eu saí da casa dos meus primos, onde morava provisoriamente, para meu primeiro apartamento, uma kitinete na rua Paim.

Logo ela começou a passar os fins de semana comigo.

Na época, Renata estava no fim da graduação em sociologia e só tinha uma ou duas aulas por semana. Era bem mais fácil para ela ir para a USP da minha casa do que da casa dela na Zona Sul, então ela passou a ficar em casa também às quartas-feiras. E logo também às segundas.
Resolvi separar uma gaveta para ela guardar algumas trocas de roupa...e nossa convivência era tão gostosa que assim foi, resolvemos juntar os trapos. Era junho de 2003.

Em 2004, a kitinete na rua Paim ficou pequena, mesmo tendo se mostrado versátil o bastante para receber gente pra caramba - chegamos a receber um batalhão para um churrasco na cobertura, que por motivo de mau humor do tempo teve que ser remanejado para o salão de festas no térreo. O churrasco era levado de elevador até o pessoal lá embaixo.

Mudamos para um apartamento maior na Frei Caneca, pertinho. E ali descobrimos que gostávamos mesmo de encher a casa de gente. Começamos a inventar os motivos mais absurdos para fazer uma festinha...inauguramos sofás, poltronas, cantinhos...foram aniversários, mestrados, festas sem motivo nenhum, ou melhor, festas pra celebrar a amizade, pura e simplesmente. E são tantos os amigos que nos cercam desde então. Amigos que vieram do nosso tempo de solteiro e outros que vieram depois. Todos tão queridos, todos tão parte da nossa história.

E nossa história vem num crescendo. Temos um jeito todo especial de nos querer bem, com respeito por nossas individualidades. E fé nos nossos potenciais. Essa fé que fez a Renata me apoiar na minha decisão de largar meu emprego por um sonho. Essa fé que me faz suportar a dor da ausência dela por 6 meses.



Porque 6 meses depois a gente se vinga. Vai ser nosso carnaval.

Eu vou me guardando pra quando o carnaval chegar.

Pra você Rezinha, com todo o amor que houver nessa vida.

Renata vai aos EUA

E assim foi...dia 11 de janeiro de 2009 começou uma espera de 6 meses pelo retorno da minha companheira, a Renata.
Vai atrás do futuro, de conquistas que ela somará com as que espero conseguir por aqui nesse 2009. O saldo a gente vai divir em partes iguais, mas a minha parte é pra sempre dela.
A falta dela vai se fazer bastante presente nesse espaço. Tenham paciência com esse garçom.