sexta-feira, agosto 22, 2008

É sempre duro ser estudante de jornalismo

Você toma conhecimento de si mesmo quando está sentado num bar perto da faculdade depois de três noites sem dormir. A moça te cutuca e pergunta se você está bem moço, está bem!?
Está. Está bem. Você lembra das coisas devagar. Você tem 31 anos e voltou pra faculdade. Você tem 31 anos e o melhor que você sabe fazer é beber. E ensinar os outros como fazer para não beber demais.
Alguém senta do seu lado e pede seu autógrafo e você pergunta por quê.
- Ora, diabos! Você é aquele cara!
Você coça a cabeça e olha em volta...talvez algum dos malditos policiais do governo estejam ainda no seu pé. Tapas na sua roupa procurando microfones. Tapas na roupa do garoto procurando microfones. Suas pupilas estão dilatadas.
- Diabos...quem é você?
- Eu sou você ontem...
Uma dor aguda no seu fígado faz você se curvar, e enquanto se curva, você vê tudo o que foi, podia ser, e não foi. Crianças, adultos, mulheres, homens, velhos e velhas riem de você com lágrimas nos olhos.

Você não deixa herdeiros.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Os leitores que me desculpem, mas minha cabeça está tão cheia de merda que essa vai ser uma das coisas mais pesadas que já escrevi. Estão avisados, sigam por sua conta e risco.

Estava no bar já fazia tempo. Encheu a cara de cerveja e cachaça com mais dois amigos que fizeram o mesmo. O amigo 1 vai levantando:
- Vamos embora dessa merda que amanhã eu tenho que trabalhar...
O amigo 2 pega a mochila:
- É
Ele não se manifesta, fica chupando o cigarro com o olhar semicerrado de um bêbado pensando bobagem. Os amigos 1 e 2 se olham e ficam em pé pateticamente esperando uma reação. Sabem que ele não vai embora, vai acabar se acabando em outro lugar.
- Eu não vou embora, vou tomar uma saideira em outro lugar.

Outro lugar.

Ele entra e pede um pint de guinness de entrada e repara em três sujeitos com cara de gringos que olhavam para ele enquanto pedia. Pegou o copo e fez um brinde "to the brazilian pussys". Risadas, brindes, enfim.
Um dos gringos se aproximou com seu copo e tentou falar num português (macarrônico? enrolado? como se diz isso em português?)
- Eshtá bem meo amigo?
- Let´s speak in english, buddy?

Os próximos diálogos são traduzidos do inglês...sherto?

- Obrigado
- Por que?
- Porque aqui ninguém fala inglês.
- É, em termos de inglês somos novaiorquinos, não nos comunicamos.
- Haha...então, o que você faz?
- Eu bebo...muito. E você?
- Sou escritor
- Que merda, hem?
- Não é tão ruim, eu escrevo coisas para os outros.
- Que merda, hem?
- Olhe, eles pagam um bom dinheiro, o suficiente para eu estar, por exemplo, visitando a porra do seu país.
- É tão ruim?
- Cara, eu não consigo andar 100 metros sem alguém me olhar como se eu fosse um ET.
- Olha, do jeito que eu vejo, vocês são meio que ETs. Depois, de que porra você tá falando? Se a situação fosse inversa, e eu visitasse seu país com essa minha cara vestindo uma camiseta de time brasileiro EU ia ser a atração...
- Haha, verdade. Quer saber? Vamos num puteiro?
- Puteiro? Daqueles?
- Daqueles...
Saímos os dois cambaleando, tropeçando naquelas calçadas cheias de lua e vômito, atrás das putas.
Elas estavam em todos os lugares, em todas as esquinas, elas cantavam, elas rebolavam, elas botavam os rabos pra dentro de janelas de carros. A gente passava. Olhava. E mais pra baixo. E mais.
Entramos num puteiro que anunciava uma sauna. Ofereceram toalhas. Ficamos com nossos cigarros e a cerveja a 10 reais a lata. Estava tudo bom. Estava tudo muito bom.