segunda-feira, maio 07, 2012

Quando morre um garçom


O Segundo Clichê é um bar ao lado de casa; foi um dos primeiros abrigos etílicos em Brasília. E o Greg foi o primeiro garçom que me atendeu.

Coisa de garçom, Greg começou me tratando com a frieza típica destinada aos clientes de primeira viagem. Como conquistar garçons é um dos meus esportes preferidos, logo dobrei o sujeito que em algumas visitas já sabia da minha cachaça preferida e não passava na minha mesa sem um ou dois dedinhos de prosa.

Na sexta-feira fiquei sabendo de outro garçom, o Renato, que Greg tinha falecido:

- Cadê o Greg? - perguntei. O rosto do Renato apagou.
- Você não tá sabendo?

E eu entendi.

Quinze dias antes, numa sexta-feira, Greg tinha ajudado a fechar o bar às duas da manhã e tinha pego carona - como sempre fazia - com um amigo que morava próximo, em Valparaíso. No carro também estavam dois funcionários do Beirute, outro bar próximo.

No trevo de Valparaíso, um taxista bêbado e em alta velocidade fechou o carro onde estavam os homens, que capotou.

Greg tinha 32 anos. Deixou mulher e um filho de seis anos.

Descanse em paz, camarada.

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