quarta-feira, dezembro 17, 2008

E tem mais isso aqui

Levei dois anos para aprender a usar vírgulas.
Ou terá sido minha vida inteira?
Ou não existem?
Vírgula!

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Anti-guia Botequeiro parte 2 - Cosmos Bar, o maior bar do Universo

Zona Leste de São Paulo. Uma infinidade de bairros com a maior concentração populacional da cidade. Milhões de trabalhadores se deslocando diariamente pelos principais corredores de ligação com o centro: a Marginal do Tietê, a Radial Leste e as linhas de metrô (3, vermelha) e trem (expresso leste). À noite, o fluxo no sentido inverso leva essa multidão de volta para casa. São bairros que vão do alto luxo criado pela especulação imobiliária como Anália Franco e pedaços do Tatuapé a bairros mais populares como Itaquera e Guaianazes e os mais pobres que roçam o município de Guarulhos. No meio bairros de classe média como a Vila Matilde, de vocação residencial e logradouros compostos em sua maioria de casas térreas e sobrados em terrenos generosos.
Tio Edmir e Tia Therezinha se mudaram para a Vila Matilde com a família no fim da década de 70 e sua casa era uma das que mais gostava de frequentar. Dentre as memórias de festas, música, discusssões e risadas, algumas memórias de cheiros e gostos. Entre os cheiros, o que se sentia na cozinha do churrasco assado na rua Demini, logo ali embaixo, nas churrasqueiras do seu Cosmo.
Numa casa de esquina, Cosmo montou uma churrasqueira, comprou mais uma churrasqueira de bafo, juntou umas mesas, uma geladeira e abriu um bar. A proposta inicial era vender carne para o almoço dos moradores das redondezas, algumas cervejas eram mantidas geladas caso alguém as quisesse enquanto esperava o corte, e era isso.
Idéias desse tipo raramente seguem os planos do perpetrador.
O pessoal começou a demandar mais mesas. Alguns ficaram para almoçar ali mesmo. Foi preciso comprar mais cerveja. Ficar aberto até mais tarde. Coisas que não deixavam o Cosmo muito contente a princípio. Ainda assim, manteve algumas características: não tem cardápio, a carne é escolhida direto na churrasqueira e cobrada pelo peso, que é anotado numa comanda. Pede-se a cerveja direto no balcão, com a comanda.
Cosmo era um duro. Sua mãe ficava sentada numa cadeira na porta do bar:
- Có! Olha os clientes chamando, Có!
- Cala a boca mãe! Não enche o saco!
Cosmo era totalmente intolerante com falta de educação.
- Pô meu, não senta sem camisa na mesa.
- Ô, vamos maneirar aí nos palavrões, minha mãe tá aqui.
Um dia Cosmo levou um tiro. História que é meio obscura e sobre a qual ele desconversa. Voltou do hospital um tanto mais tolerante, mas ainda pede cuidado na linguagem quando tem mulher ou criança perto.



Dois anos atrás marcamos meio despretensiosamente um fim de ano "dos caras". Seria no Cosmo, sem a presença de esposas e namoradas. Quinze homens revezaram-se em turnos de 7 com pico de 10 durante cerca de 6 horas; consumiram 4 quilos de carnes variadas e duas caixas e meia de cerveja. A conta: R$25 para cada um.
Esse ano tentamos a mesma façanha. O quórum foi mais baixo, mas o consumo foi parecido. Tempos de crise: R$43 para cada um.


Seu Cosmo está finalizando um segundo andar, onde pretende fazer um espaço para happy-hour noturno.
- Se tiver um pessoal bacana eu deixo ficar até umas 23hs. Se eu ver que está muita baderna eu fecho às 22hs. Tem que respeitar os vizinhos né.
Comprou também uma churrasqueira nova para o novo espaço
- Uma beleza: 16 espetos rotatórios. Só que fui armar lá em cima, quando liguei engripou! Vou ter que descer e mandar desengripar.


O público do bar é composto basicamente de famílias. Enquanto almoçam, há um desfile de moradores que vêm a pé ou de carro buscar a mistura para o almoço. Escolhem entre linguiças defumadas e apimentadas, maminha, costela de boi e de porco, pancceta (a barriga do porco ), cupim, e cortes de frango, todas acompanhadas por batatinhas e cebola assadas. Na nova churrasqueira Cosmo pretende fazer picanha e contra-filé na chapa. Em algumas mesas, trabalhadores da região que tem que encarar o turno de sábado. Em outras, amigos bebendo mais do que comendo. Muitas camisas do Corinthians lembram que você está na zona leste. O mesmo vale para um linguajar muito peculiar:
- Vocês vão querer maionese...essas paradas?...


Cinco da tarde, seis horas depois de chegarmos, resolvemos pedir a conta. O bar já estava vazio e só sobravam destroços nas mesas e nas churrasqueiras. Cosmo vem de dentro do bar com uma caixa de cerveja e adivinhamos que ele devia estar reclamando com sua esposa dos restos que ainda estavam sobre todas as mesas. O insight veio depois de uma garrafa escorregar da sua mão e se espatifar no chão. Depois do barulho de vidro se quebrando, silêncio. Depois do silêncio a voz da sua esposa vinda de dentro do bar:
- Agora tá bem mais sujo, né Có?


Serviço:

O quê? Cosmos Bar
Onde? Rua Demini, perto da estação Vila Matilde do Metrô - Linha 3 Vermelha. Saindo pela esquerda.
Não tem telefone
Quantos foram? 6
Tamanho do estrago: Uma caixa e meia de cerveja, 1 kg de linguiça defumada, 1 kg de pancceta, 1 kg de cupim, 800 gramas de costelinha de porco. R$43 por cabeça.
Aceita cartão? Os básicos: Visa, Mastercard e suas versões de débito.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Mario Kart

Um francês maluco resolve dar vida ao encanador mais famoso do mundo. Não não é o Joe, the Plumber, é o Mario.
O doido encena uma corrida do jogo Mario Kart pelas ruas de Paris. Hilário.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Se não responder

Se não responder não é homem.
Se não responder não vale.
Se não responder não respira.
Se não responder não pode.
Se não responder não vale.
Se não responder não vale.
Se não responder não vale.


Só sei que funciona em música do Arnaldo Antunes...

terça-feira, novembro 25, 2008

Ilustrada - 50 Anos

Cinquenta anos atrás nascia um caderno dentro de um jornal. Talvez, na época, fugindo de censura e críticas, o caderno opta por abordar futilidades como horóscopo, crítica televisiva e cinematográfica e - respiro cultural - literária e musical.
Cinquenta anos depois, permanece um caderno fútil. Horóscopo, crítica televisiva, opiniõezinhas sobre artes, maus textos sobre bobagens mal lidas e mal escritas/interpretadas/executadas.
Gaba-se de ter Paulo Francis entre seus colaboradores - jornalista que foi execrado quando do lançamento de seus dois romances . É bem verdade, faça-se justiça, que a contratação se deu sob a batuta de Claudio Abramo.
Mantém na ativa, há 20 anos, um advogado que repete diariamente bordões salpicados cá e lá de notícia, à razão de 50 por 50 ( na melhor das hipóteses ) e responde por apelido simiesco. É mais importante na folha de pagamento do diário do que a maioria dos repórteres dos seus quadros.
Gaba-se de ser o primeiro caderno do diário a usar equipamentos modernos. Gaba-se de ser um caderno que dava as costas a um "velho nacionalismo de esquerda" no início dos anos 80. Dava boas vindas a uma nova geração de profissionais que se recusavam a reproduzir o discurso da esquerda tacanha e da direita paternalista em nome de uma nova cultura pop - que por sinal já circulava no "civilized world" desde os anos 60.
São esses revolucionários que negam fogo e espaço para uma geração de novos jornalistas, apegados que são aos seus contracheques, fim último de tudo o que se faz no "jornalismo" brasileiro.

terça-feira, novembro 18, 2008

acabo de me ver

Cortesia do Rodolfo, amigo de faculdade, acabo de me ver mais de 20 quilos mais magro na tela do computador. Explico: uma fita VHS perdida aqui nas minhas coisas virou DVD que agora posso curtir. No fim da fita, que tinha uma apresentação da banda em que tocava lá em Porto Alegre, um trabalho de faculdade. E lá estou eu...magrinho, magrinho.
Aliso a pança e fico me perguntando onde foi que eu a achei. Não lembro mais. Não lembro se o problema foi a cerveja ou o sedentarismo. O quê foi que eu fiz diferente lá? Bebia? Bebia. Era sedentário? Era. Comia tranqueira? Comia. O que me deu esses mais de 20 quilos de sobra?
Será que esse peso que ostento hoje é reflexo daquela vida desregrada sem horários de almoço ou janta? (Cabe explicação: o período em questão envolve minha primeira faculdade incompleta. Abrange também um período em que morei sozinho em Porto Alegre.)
Será que Porto Alegre emagrece?

quarta-feira, novembro 05, 2008

A sensação da história sendo feita


Acabo de testemunhar um momento histórico, não é o tipo de coisa que se vê todo dia. Não é algo usual.
Um homem subiu num palanque cercado de centenas de milhares de pessoas e falou de esperança, de mudanças. Disse que todos juntos podíamos muito.
Momentos antes, outro homem pediu que todos tivessem fé e apoiassem esse homem.
Vejo gente no mundo todo fazendo a mesma coisa.
Precisamos de heróis. Precisamos de exemplos. Essa, eu acho, é uma das coisas claras que tiro desse momento único.
O mais maluco é que estamos fazendo desse homem um herói, sem nem mesmo termos visto do que ele é capaz. O mais maluco é que a gente percebe que somos todos heróis feitos de carne e osso. Esse homem, e eu conseguia ver isso nos olhos dele, tem total consciencia do tamanho do pepino que tem nas mãos e não larga. Acredita piamente que por maior que seja o problema, ele tem solução. Não tem desafio maior do que a gente possa encarar.
Tente se colocar no lugar de um cara literalmente com o peso de um planeta nas costas. Com a responsabilidade de resolver problemas seculares, conflitos centenários, dúvidas eternas. Dá pra ter uma noção daquilo por que Obama está passando.
Não tem muito mais que eu possa desejar pra ele do que força...e coragem.

terça-feira, novembro 04, 2008

Eleições


Não é nenhum exagero dizer que as eleições presidenciais americanas em curso hoje são um evento importantíssimo na história recente.
Diferente de outros, esse pleito começou no exato dia do anúncio da reeleição de George W. Bush em 2004, vitória cercada de dúvidas e denúncias de fraude que se perderam na roda-viva da imprensa mundial, ávida pelas últimas novidades e descuidada da investigação. Naquele dia, os americanos e o mundo se entreolharam nas suas salas e escritórios se perguntando pelo futuro. Sabia-se que a escalada em direção a um Estado policial, amedrontado e fundamentalista continuaria. O consenso mundial era de viveríamos momentos muito sérios e indefinidos.
De fato, com o avanço e recrudescimento das pataquadas políticas, econômicas e principalmente militares da administração Bush, os cidadãos estadunidenses se viram isolados. A cada dia a lista de antigos aliados que passavam a críticos aumentava. Perto do fim, sobrou apenas Israel, que sempre apoiou a política americana de olhos fechados, fosse qual fosse. De resto, ficou claro de que as coisas deveriam mudar.
Do lado democrata, ficou claro que era a hora de ousar. Apresentar alguém que fosse o exato oposto do atual mandatário não era o suficiente. Era preciso realmente apresentar uma mudança radical. O caminho natural era apresentar a ex-primeira dama Hillary Clinton como candidata à sucessão, fato histórico por se tratar da primeira mulher na história a pleitear o cargo. Mas correndo por fora aparecia um senador negro de 47 anos fazendo campanha viral na internet, discursos inflamados pedindo mudanças radicais na política e na economia estadunidense. Barack Obama surge como uma promessa de mudanças ainda mais radicais. Se Hillary, como ex-primeira dama, representava aparentemente a continuidade da administração de Bill Clinton com algumas novas propostas, Obama representava algo completamente novo. Sua campanha na internet o tornou queridinho dos nerds da América. Ele falava em coisas como "os americanos tem que ver além de suas diferenças raciais e religiosas". Ele falava em tolerância e em sentar para discutir problemas com países que Bush trata como terroristas. Ele falava em aceitar a diferença ao invés de forçar seu ponto de vista.
Num cenário inédito, uma mulher e um negro neto de quenianos disputavam o direito a representar o partido democrata nas eleições presidenciais da mais poderosa nação do mundo.
O mundo, estupefato, passou a acompanhar as prévias democratas e republicanas com grande interesse. Algo realmente estava mudando?
Parte da resposta foi dada na indicação final de Obama, com total apoio do casal Clinton.
Os republicanos se sentiram forçados a dar uma resposta, indicando uma mulher para vice na chapa do senador John McCain.
Definitivamente algo estava diferente.
O mundo inteiro acompanhou os debates tanto entre os candidatos como entre os candidatos a vice. Assistiu Sarah Palin, candidata a vice pelo partido republicano, dizer bobagens e provando ser a bonitinha que deve ficar de boca fechada.
Nos últimos dias, temos assistido Obama ser elogiado por líderes do mundo todo, aliados ou não. Nomes como Hugo Chávez e Fidel Castro, notórios anti-americanos, depositam esperanças no candidato. Líderes palestinos idem.
Artistas apóiam Obama abertamente. Na noite passada, o REM em show no Chile comemorou sua última apresentação sob governo de George W. Bush e mostrou fotos de um sorridente Obama no telão. O público delirou.
Alex Ross, grande desenhista de HQs, retratou Obama em pose de super-herói: o Super-Obama.
Espera-se para hoje um comparecimento recorde de eleitores às urnas.
Ninguém quer perder o embate entre a promessa de um novo país e a manutenção de políticas frustrantes e arrogantes.
Qualquer que seja o resultado das eleições de hoje, a mensagem do mundo para os americanos ficou clara: "não queremos mais um mundo dominado por um único país, não queremos mais seguir regras impostas por loucos belicistas, queremos lideranças que apontem para um futuro sustentável".
Os últimos números das pesquisas parecem ser um sinal de que os americanos entenderam o recado.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Notícias e ...notícias



Olá camaradas.
Esse não é, por essência, um espaço político. Mas sendo a política um assunto que também cabe em botecos, resolvi dar aquele pitaco.
Me motiva o mal-caratismo da Folha Online, claramente em campanha pró Gilberto Kassab para prefeito de SP. Sabem, não tem nada de errado em assumir uma posição política. A própria Folha em outros tempos, via editorial, assumiu claramente posições políticas a favor de determinadas campanhas ou candidatos. Lembro (mesmo) do editorial onde a Folha se declarava abertamente à favor das eleições diretas. Lembro de outros que defendiam o voto contra o sr. Fernando Collor de Mello. Tudo muito aberto, muito ao contrário da pataquada que vejo hoje.

Em manchete de capa hoje à meia noite, a publicação online diz o seguinte:

Kassab amplia vantagem sobre Marta, diz pesquisa Datafolha.

No parágrafo que se segue ao título, o seguinte texto: "De acordo com pesquisa Datafolha, Kassab tem 54% das intenções de voto, contra 36% de Marta. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos."

Muito bem. Clicando-se na matéria, temos o seguinte título.

Kassab lidera em SP, Marta diz que resultado da urna é o que vale.

Tom bem diferente do que tínhamos na capa, não?
A brincadeira não pára aí. Vemos pelo gráfico exposto na matéria que desde a última sondagem do próprio Datafolha ambos os candidatos oscilaram um ponto. Kassab subiu um ponto. Marta caiu um ponto.
Voltando ao texto dado após manchete de capa temos que a margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O que nos leva a qual brilhante conclusão?
Que NADA mudou da penúltima pesquisa do Datafolha para a última!

Pergunta-se: o que levou à manchete do site da meia noite desse dia 23 de outubro?

Acho que estou enterrando qualquer chance, se é que tinha alguma, de trabalhar para a FSP.

segunda-feira, outubro 20, 2008

110. hangar


Provavelmente o lugar abrigou bandas boas.
Provavelmente.
Os espíritos dessas bandas circundam o bar sujo, a pista de chão grudento, a mesa de som com suas grades de ferro entrelaçado.
Mas falham ao tentar se comunicar com os mortos-vivos que habitam nossos tempos. A começar do operador da mesa, que insiste em não ouvir os gritos da vocalista de uma boa banda dos nossos tempos reclamando do retorno que não funciona e do baixo que soa como o peido de um velho senil. As meninas do Dominatrix dão seu melhor para um público de garotos que seriam currados em qualquer festa nos anos 80 ou 90, sinal dos tempos mórbidos em que vivemos.
Ao bom som punk da banda, meninas agem como os meninos daqueles tempos dourados e pulam umas sobre as outras. Quanto aos meninos, preferem se amassar vestindo camisas do Charlie Brown - não a banda descartável, mas o personagem de Shultz - não é uma cena bonita.

Penso no espírito das bandas punk de outros tempos: Inocentes, Replicantes, Verminose...todas dando sua benção às garotas e cuspindo na cara desse público besta limitado ao Folhateen ou à discoteca dos pais. Os pais, esses sim responsáveis por essa onda emo deplorável com seus discos da Legião Urbana. Educação! O que falta a essa gente é educação! Escreveria um novo código se me fosse dada a permissão. Começaria dizendo que toda criança tem que aprender a cuspir no chão e a beber cerveja, pra não fazer merda depois de grande.
Deixa o titio contar uma coisa pra vocês, crianças: quando o titio garçom era criança como vocês, titio trabalhava e pagava a própria cerveja. Ia pra festa (que vocês chamam de balada) à pé e voltava à pé trançando as pernas.
Mas o titio garçom já está indo longe demais...querem mais uma cerveja?
Ouçam Dominatrix.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Roger

Quero, de verdade ( de verdade ), fugir da pieguice. Quero fugir de palavras vãs e promessas de um futuro de abraços e tapas nas costas. E não quero. Quero agora os abraços e os tapas nas costas, egoísta que sou. Mas vá lá...o bom senso manda que a gente espere. Que a gente deseje o melhor e que os tapas nas costas sejam válidos mesmo à distância. Viva o bom senso. Vivam as promessas.

Esse post começou no sábado passado, sem saber exatamente onde ia parar. Parou no sábado mesmo. Tínhamos nos despedido dentro do carro. Chovia, providencialmente ou não, o que tornou a despedida mais breve do que deveria ou poderia. Alguém que cantou "i do my crying in the rain", sabe do que eu estou falando.

Do começo, agora.

Eles conheceram a gente antes deles, o Roger e a Isa. Foi na praça de alimentação do Frei Caneca, e eles acharam a gente uns malas à primeira vista. (verdade, pergutem pra eles). Não lembro qual foi nossa primeira interação de fato, mas lembro de algumas que explicam bem o que e por quê a gente sente por eles o que a gente sente.

Eles nunca deixaram a gente sair de casa à pé.

Tentamos. Mas eles nunca deixaram a gente ir a um lugar em comum à pé. Moramos perto, dividimos o mesmo bairro...eles nunca deixaram a gente chegar a pé em lugares onde fomos juntos.

Imagem & Ação

Foram noites intermináveis jogando...absurdos fantásticos surgiram como uma arma laser que fazia curvas...homens das cavernas de terno e gravata...as coisas mais absurdas e deliciosas.

Sabores

Vocês são responsáveis por alguns dos sabores novos que passaram por essa boca cheia de frescuras.









Os "vales"

Trocamos vários vales. Vale-caipirinha, vale-croissant, vale-aposta e o inesquecível vale-roubada, em um dos nossos muitos programas de índio.



O fondue-dançante.



Nem fondue - talvez a mais fresca das comidas depois do escargot e do caviar - a gente levou a sério. Dançamos em roda pela mesa posta, garfinhos em riste, ao som de Feijoada Completa.







Momentos macho.

pôquer...ir no mercado em florianópolis comprar cerveja...andar na praia falando delas...pós-operatório num ônibus em direção ao "Planeta´s"...chope no "Bar do Leo"...os caras na mesa de um bar, cerveja gelada, caipirinha bem feita. Que mais, Roger? Que mais?









Inaugurações.

Quem conhece Renata e eu sabe que nós somos chegados numa inauguração. Roger e Isa estiveram presentes em todas. Foram dois apartamentos, a mesa, a geladeira vermelha...a lista só cresce.








Sério agora.


Amigo querido, sorte pra caramba pra você nessa empreitada. Continuaremos seguindo as coisas e prometemos deixar a caipirinha exatamente onde você deixou, pra quando você voltar. Um beijo e boa sorte de todos nós pra você.

domingo, outubro 05, 2008

Da série links inúteis em notícias tenebrosas

Com essa moda de rechear páginas de informação com links para vendas pela internet, às vezes acontecem coisas escabrosas como essa daqui:
A Folha dá notícia de queda de 15% no índice Bovespa, anulando os ganhos dos últimos dois anos.
No rodapé da notícia catastrófica, oferece o livro "Veja como enriquecer na bolsa com conselhos de economistas". Patético.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Azeitona

- Tou te falando cara...eu ia a 170 por hora...lá longe aquele troço...parecia uma azeitona...e a azeitona ia crescendo no parabrisa. Cada vez mais. A minha mulher grávida do meu lado e o carro a 170 por hora...e a porra da azeitona crescendo...eram 4 faixas e eu estava na terceira da direita pra esquerda. A porra da azeitona na quarta, ou seja, eu ia passar a porra da azeitona pela direita. Quando deu pra ver que a azeitona era outro carro, a porra da azeitona resolve virar noventa graus pra direita. PRA DIREITA! Na minha direção! A porra da azeitona resolve atravessar a porra da pista pra parar no acostamento à minha direitaa. E eu a 170 por hora com minha mulher, grávida, no banco do carona. Passei voando pela porra da azeitona que era uma porra de carro e senti que o vidro do lado da minha mulher formou uma bolha prestes a estourar. Naquele segundo que valeu um minuto eu tive vontade de desviar o carro mas eu estava a 170 por hora, e isso era a pior merda que eu podia fazer.
- Passei pela porra da azeitona e reduzi. Encostei no acostamento e meu coração parecia querer pular pela garganta. Pus minha mão direita no peito da minha mulher e o coração dela não estava lá. Pus a minha mão esquerda na barriga dela e o coração do meu filho parecia um celular programado pra vibrar. Nunca mais. Nunca mais.

sexta-feira, agosto 22, 2008

É sempre duro ser estudante de jornalismo

Você toma conhecimento de si mesmo quando está sentado num bar perto da faculdade depois de três noites sem dormir. A moça te cutuca e pergunta se você está bem moço, está bem!?
Está. Está bem. Você lembra das coisas devagar. Você tem 31 anos e voltou pra faculdade. Você tem 31 anos e o melhor que você sabe fazer é beber. E ensinar os outros como fazer para não beber demais.
Alguém senta do seu lado e pede seu autógrafo e você pergunta por quê.
- Ora, diabos! Você é aquele cara!
Você coça a cabeça e olha em volta...talvez algum dos malditos policiais do governo estejam ainda no seu pé. Tapas na sua roupa procurando microfones. Tapas na roupa do garoto procurando microfones. Suas pupilas estão dilatadas.
- Diabos...quem é você?
- Eu sou você ontem...
Uma dor aguda no seu fígado faz você se curvar, e enquanto se curva, você vê tudo o que foi, podia ser, e não foi. Crianças, adultos, mulheres, homens, velhos e velhas riem de você com lágrimas nos olhos.

Você não deixa herdeiros.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Os leitores que me desculpem, mas minha cabeça está tão cheia de merda que essa vai ser uma das coisas mais pesadas que já escrevi. Estão avisados, sigam por sua conta e risco.

Estava no bar já fazia tempo. Encheu a cara de cerveja e cachaça com mais dois amigos que fizeram o mesmo. O amigo 1 vai levantando:
- Vamos embora dessa merda que amanhã eu tenho que trabalhar...
O amigo 2 pega a mochila:
- É
Ele não se manifesta, fica chupando o cigarro com o olhar semicerrado de um bêbado pensando bobagem. Os amigos 1 e 2 se olham e ficam em pé pateticamente esperando uma reação. Sabem que ele não vai embora, vai acabar se acabando em outro lugar.
- Eu não vou embora, vou tomar uma saideira em outro lugar.

Outro lugar.

Ele entra e pede um pint de guinness de entrada e repara em três sujeitos com cara de gringos que olhavam para ele enquanto pedia. Pegou o copo e fez um brinde "to the brazilian pussys". Risadas, brindes, enfim.
Um dos gringos se aproximou com seu copo e tentou falar num português (macarrônico? enrolado? como se diz isso em português?)
- Eshtá bem meo amigo?
- Let´s speak in english, buddy?

Os próximos diálogos são traduzidos do inglês...sherto?

- Obrigado
- Por que?
- Porque aqui ninguém fala inglês.
- É, em termos de inglês somos novaiorquinos, não nos comunicamos.
- Haha...então, o que você faz?
- Eu bebo...muito. E você?
- Sou escritor
- Que merda, hem?
- Não é tão ruim, eu escrevo coisas para os outros.
- Que merda, hem?
- Olhe, eles pagam um bom dinheiro, o suficiente para eu estar, por exemplo, visitando a porra do seu país.
- É tão ruim?
- Cara, eu não consigo andar 100 metros sem alguém me olhar como se eu fosse um ET.
- Olha, do jeito que eu vejo, vocês são meio que ETs. Depois, de que porra você tá falando? Se a situação fosse inversa, e eu visitasse seu país com essa minha cara vestindo uma camiseta de time brasileiro EU ia ser a atração...
- Haha, verdade. Quer saber? Vamos num puteiro?
- Puteiro? Daqueles?
- Daqueles...
Saímos os dois cambaleando, tropeçando naquelas calçadas cheias de lua e vômito, atrás das putas.
Elas estavam em todos os lugares, em todas as esquinas, elas cantavam, elas rebolavam, elas botavam os rabos pra dentro de janelas de carros. A gente passava. Olhava. E mais pra baixo. E mais.
Entramos num puteiro que anunciava uma sauna. Ofereceram toalhas. Ficamos com nossos cigarros e a cerveja a 10 reais a lata. Estava tudo bom. Estava tudo muito bom.

sábado, julho 26, 2008

O que nos inspira? ( post pessoal e para ninguém )

Faz tempo que não escrevo, culpo a falta de inspiração. Mas afinal, o que nos inspira? O que nos faz levantar todo dia de manhã?
Ontem morreu um professor chamado Randy Raush, da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos. Morreu de câncer, aos 48 anos e a última aula dele - dada em 2007 está disponível para quem quiser ver no YouTube.
Barack Obama é o provável próximo presidente daquele país. Negro, de pai negro e mãe branca do sul dos Estados Unidos. Com parentes de todas as cores e raças como, segundo ele em um magnífico discurso, só lá e em poucos outros lugares isso é possível.
O que me aproxima desses dois homens é a vontade de mudanças, e a fé na humanidade.

sábado, junho 21, 2008

trinta e um

- Quem são vocês?
as vozes metálicas respondem em coro:
- somos você
- o que querem? o que estão fazendo aqui?
- estamos aqui para lembrar você de quem você é
- cruel isso...eu sei quem sou, não tenho lá muito orgulho disso
- pare com a auto-piedade. Você vale a pena
- como tudo, quando a alma não é pequena...haha
- ironia barata não ajuda.
- eu sei
- sente-se....cerveja?
- sempre
- pois então...trintaeum
- you bet!
- incrível, não?
- do ponto de vista do meu fígado, inacreditável!
- é um forte...nordestino legítimo
- queria poder dizer o mesmo dos meus pulmões...
- fortes também...paulistanos...
- sorte a minha...
- não conte muito com as amídalas...você ainda as têm, não?
- sou original de fábrica, exceto pela fimose e pela ex-miopia.
- antes isso que uma lipo...
- tá me tirando de viado?
- não, longe de nós...
- e agora?
- agora o que?
- o que faço?
- sei lá, segue em frente....
- pra onde?
-faça como os bandeirantes, eles subiam no alto do morro mais alto ficavam de pau duro e seguiam na direção onde ele apontasse.
-pára de me zoar!
- o que você quer? indulgência? perdão?
- quero silêncio.
- quer nada. você quer barulho. você quer o grito, o vômito, o escândalo. Acha que não conhecemos você? NÓS SOMOS VOCÊ.
-...
- somos você aos dez, aos vinte, aos trinta e aos quarenta. vamos dizer uma coisa da qual você não vai esquecer: VOCÊ NÃO VAI MUDAR. Você é a essência de nós.
- Sobre aquela cerveja. Está bem gelada?

Foi uma noite bem longa.

quarta-feira, maio 28, 2008

meninos

As meninas que me desculpem mas esse vai ser um post de meninos.
Cheirando a cerveja e suor de jogar bola. Preto de lama do terreno baldio dos fundos da casa. Lanhado das folhas da bananeira que se arreganhou para nossas mãos ávidas de fruta. Molhado da chuva que banhou os corpos sobre as bicicletas naquela tarde de outuno.
Meninos precisam de amigos. Desde sempre e para o resto da vida.
Os meninos precisam ter vizinhos para compartilhar seus doces de infância e o gosto amargo da cerveja quando adultos. Precisam de alguém pra dividir o carrinho de rolimã e a mesa de bar. Em ambos os casos, chamamo-nos amigos.
Pequenos, dividimos bicletas e brigamos por pipas. Trocamos figurinhas de futebol. Comparamos cicatrizes nas peles inexperientes. Temos medo juntos. De tudo: de escuro, da turma da rua de cima, de meninas. Temos ódio juntos: da turma da rua de cima, de meninas, do dono da bola, do professor, uns dos outros.
Batemos e apanhamos juntos; alguns batem mais, outros apanham mais - juntos.
Maiores, dividimos a punheta, nem que seja da boca pra fora. Dividimos a musa. Dividimos o primeiro cigarro. Dividimos a invencibilidade, a imortalidade. Somos poderosos e bobos. Brigões e cagões. No escracho, nos amamos e nos odiamos, mais uma vez.
E bem quando achávamos que já tinhamos achado todos os amigos de que precisávamos, aparece um e outro que toma do nosso copo. Gosta do nosso gosto. Ri do nosso riso. E deixamos esse camarada entrar, que é da natureza do homem desconfiar não desconfiando. O camarada puxa a cadeira e senta na nossa mesa. Vira amigo.
Um desses camaradas acaba de dar um baita susto na gente. Sumiu e não disse que horas volta. Manda notícias dizendo que está mal, mas volta.
Se não voltar, juro que vou lá encher a cara dele de bolacha.
Volta amigo.
Volta.

sexta-feira, março 07, 2008

Qual é o medo da Folha de S. Paulo?

Sim...faz tempo que não posto aqui...(posto?). Sim...faz tempo que não escrevo...
Mais do que uma crônica engraçadinha, ou uma matéria leviana sobre um assunto leve e engrandecedor, o que me faz voltar a esse 'lugar' é o péssimo exemplo de jornalismo idem dado pela Folha Online agora, há pouco.
Em matéria não assinada, a Folha dá opinião do diretor José Padilha (Tropa de Elite ), publicada na revista Playboy, a respeito do consumo particular de maconha. Até aí nada grave.
Começa destacando a opinião emitida em outro veículo que está disponível desde o fim do mês passado; posando de bom moço. O(s) jornalista(s) responsável(eis) pela matéria diz(em) que o diretor estava incomunicável, se diz impossibilitado de falar com o diretor.
Segue taxando a entrevista do diretor para a revista como "uma conversa franca", algo não conseguido pela FSP desde que o filme foi lançado.
Vai além, taxando de hipócrita a posição do diretor a respeito da pirataria ( meio através do qual, segundo esta Folha, o filme teria recebido melhor divulgação).
Tudo empacotado e brilhante para vender matéria em que o título mais condizente seria "Diretor de Tropa de Elite fumou maconha".
Oras! Como dizia o Barbudinho de Nazaré: "Sejam quentes ou frios, os mornos eu vomito!"