domingo, janeiro 15, 2006

Bares em filmes

Raro filme que não tem pelo menos uma cenazinha em bar. Uma fachada que seja. Bares em que protagonistas se misturam a figurantes e onde acontecem grandes reviravoltas na estória: uma revelação importante que pode derrubar um facínora, lições bem dadas em traidores, partidas intermináveis de bilhar "valendo a vida", garrafas quebradas em cabeças...
Poucos filmes porém elevam o cenário à categoria de participante da trama e transformam o bar quase que em um personagem à parte; de todos meu preferido é Casablanca.
Quase não há outro cenário, a maioria das cenas fundamentais do filme se passam no Rick´s e posso estar enganado, mas o lugar reage. É ele que se fecha pra acolher os refugiados da Segunda Guerra que buscam um jeito de escapar dos alemães. É ele que baixa a luz e envolve Rick Blaine (Humphrey Bogart) em fumaça e faz coro com ele, exigindo de Sam que toque "As times goes by".
Eu recomendo!

domingo, janeiro 08, 2006

Das férias, parte 2 - botecos de praia

Vou ser sincero: gosto de praia, mas em doses homeopáticas. E de todos os serviços que a praia oferece, aí contados o sol, a areia, o mar e os vendedores ambulantes que te oferecem de redes a casquinhas de siri, eu gosto mesmo da cerveja.
A praia dispensa maiores cerimônias. Senta-se na cadeira alugada (2 pilas em Maceió), e pede-se a cerveja. Até aí nada que não aconteça na cidade, o diferencial são os extras.
Crianças berram na água. As barracas insistem em tocar axé ou qualquer variante de música descerebrada cheia de vogais (o que seria da música baiana sem as vogais? ôôô...êêê...aôaôaô). Pessoas querem venter tudo...tudo. Você tem que vestir um tipo de segunda pele feita de protetor solar (já tentou pegar o copo de cerveja logo após passar protetor?). Tem o espetáculo bizarro de pessoas que passaram o ano inteiro no sedentarismo completo e na praia viram atletas. E conforme a maré muda, você também tem que mudar...toca arrastar cadeiras e parafernálias praia acima.
Mas que sujeito chato sou eu! A praia tem sim seus valores (além da cerveja) e Maceió e Recife estão entre as cidades com algumas das praias mais bacanas que já vi. Boa Viagem e Pajuçara são ótimas praias urbanas. Na primeira me chamou a atenção um tal Parque dos coqueiros onde os ditos são plantados por pessoas que ganham uma placa para escrever uma dedicatória. Tipo, dedique um coqueiro a quem você ama, saca? Entre os homenageados, filhos, pais, maridos, esposas, autoridades, artistas e por aí vai. Lá também tem placas indicando a incidência de ataques de tubarão. Em inglês é mais grave e indica risco acima da média. Por via das dúvidas fiquei a alguns metros da água Em Maceió o povo é muito simpático e não te incomoda tanto com a oferta de serviços como é tão comum nessa época do ano e lá as barracas de beira de praia, pra quem prefere nem por o pé na areia são bem estruturadas e tem preços camaradas.

Das Férias, parte 1

Voltamos, Rê e eu, na madrugada de sábado num avião da Tam que mais parecia um ônibus de tão anárquico. Havia uns 10 casais de pernambucanos de meia-idade agindo como adolescentes em cinema. Piadinhas sacanas, berros atravessando corredores, risadinhas, e o ápice: um deles arremesou uma daquelas embalagens pequenas de geléia, que distribuíram na parca refeição aérea que as comissárias chamaram de café-da-manhã, ao outro lado do corredor, atingindo a Rê na cabeça. O olhar da Rê ao "putz, desculpa" do cidadão poderia derreter uma geleira. Imaginei a geléia voltando na cabeça do cidadão atingindo o seu olho e causando uma hemorragia...pânico e caos instalados. Havia também o casal que tinha comprado assentos juntos mas foi separado pelo corredor (como aliás estávamos nós dois). A insistência do cidadão foi irritante. Toda comissária que passava era cutucada por ele e ouvia a mesma cantilena. Enfim, um vôo super-tranquilo e rotineiro.
Chegamos de madrugada e procuramos um táxi que c0m um sorriso realmente sincero nos informou que a corrida para a Frei Caneca ficaria em torno de 74 paus. Protestamos. O sorriso não se desfez enquanto ele perguntava se nós íamos ou não e se afastava. Tem algo de muito errado nesse monopólio da Coperativa de Táxis que atende o aeroporto de Guarulhos. Optamos pelo ônibus aquele, o Airport Service. Quarenta minutos de viagem ouvindo roncos e um celular que não parava de tocar. Mas chegamos, vivos e bem. E nas análises feitas até o momento não demos falta de nenhum orgão importante.