domingo, junho 17, 2012

Watergate: 40 anos e uma lição para a imprensa


O caso Watergate, pivô da renúncia do presidente Richard Nixon em 1974, completa 40 anos. É pauta obrigatória em cursos de jornalismo, mas não chegou a contaminar as redações. Depois de quatro décadas, permanece um exemplo raramente seguido.

Um pouco de contexto:

O escritório do partido democrata em Washington, localizado no hotel Watergate, foi arrombado. Um porteiro do edifício resolve contar a história para o jornalista Bob Woodward, do Washington Post, que passa a investigar o caso. Em dois anos, Woodward e seu colega Carl Bernstein juntam fiapos de informação que levam a uma conspiração armada por militantes republicanos. Recebem dicas de uma fonte que permaneceu anônima. Sobem pelos escalões do poder até chegar à Casa Branca. A coisa fede tanto que Nixon renuncia e passa para a história como um dos presidentes mais impopulares da história estadunidense.

A lição de Woodward e Bernstein pode se resumir a duas coisas: faro e investigação. Uma coisa não é nada sem a outra.

Eles tinham sua fonte, sua Garganta Profunda, mas nenhuma informação dada pela fonte foi publicada sem investigação, sem checagem e rechecagem. O que os movia era a busca pela verdade, independente de qual fosse essa verdade.

Se a cobertura do Post deve representar algo esse algo esse algo é que a imprensa só exerce seu papel social quando age de forma independente. Livre de amarras corporativas, politicas e ideológicas, a imprensa pode sim ser um veículo de mudanças, sem trocadilho.

Mas renunciamos a esse papel.

Jornalistas se tornaram operários construtores de verdades. Fontes falam a verdade e somente a verdade. Uma verdade que só precisa ser checada quando contraria os interesses do dono da obra.

Jornalistas desaprenderam o poder da pergunta. Saem das redações com seus macacões sujos de tinta e uma pauta na mão. A pauta é a Bíblia que não pode ser questionada, muito menos aprimorada. Foram escritas pelos sacerdotes do sistema, os mestres de obra, atentos aos interesses da trindade mercado, partido, ideologia.

Woodward e Bernstein, hoje, estariam desempregados.