segunda-feira, outubro 20, 2008

110. hangar


Provavelmente o lugar abrigou bandas boas.
Provavelmente.
Os espíritos dessas bandas circundam o bar sujo, a pista de chão grudento, a mesa de som com suas grades de ferro entrelaçado.
Mas falham ao tentar se comunicar com os mortos-vivos que habitam nossos tempos. A começar do operador da mesa, que insiste em não ouvir os gritos da vocalista de uma boa banda dos nossos tempos reclamando do retorno que não funciona e do baixo que soa como o peido de um velho senil. As meninas do Dominatrix dão seu melhor para um público de garotos que seriam currados em qualquer festa nos anos 80 ou 90, sinal dos tempos mórbidos em que vivemos.
Ao bom som punk da banda, meninas agem como os meninos daqueles tempos dourados e pulam umas sobre as outras. Quanto aos meninos, preferem se amassar vestindo camisas do Charlie Brown - não a banda descartável, mas o personagem de Shultz - não é uma cena bonita.

Penso no espírito das bandas punk de outros tempos: Inocentes, Replicantes, Verminose...todas dando sua benção às garotas e cuspindo na cara desse público besta limitado ao Folhateen ou à discoteca dos pais. Os pais, esses sim responsáveis por essa onda emo deplorável com seus discos da Legião Urbana. Educação! O que falta a essa gente é educação! Escreveria um novo código se me fosse dada a permissão. Começaria dizendo que toda criança tem que aprender a cuspir no chão e a beber cerveja, pra não fazer merda depois de grande.
Deixa o titio contar uma coisa pra vocês, crianças: quando o titio garçom era criança como vocês, titio trabalhava e pagava a própria cerveja. Ia pra festa (que vocês chamam de balada) à pé e voltava à pé trançando as pernas.
Mas o titio garçom já está indo longe demais...querem mais uma cerveja?
Ouçam Dominatrix.

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