segunda-feira, maio 07, 2012

Sobre viradas e cultura



Estou longe de SP desde a edição passada da Virada Cultural e não é sem uma pontinha de inveja que imaginei os amigos fazendo sua programação, marcando os shows imperdíveis, se encontrando "na catraca do metrô tal à meia noite". É bonito ver milhões de pessoas se mobilizando para ver e sentir arte, ocupar a cidade. 

Com um pouco de atraso resolvi falar sobre o assunto. Atraso que pode até ser bom; uma leitura pra ressaca do evento, que tal?

Li em algum lugar alguém, de quem não lembro o nome, dizer que a Virada Cultural devia ser a cereja do bolo das políticas culturais da cidade. Concordo, assino embaixo.

Na minha São Paulo utópica a cultura acontece todos os dias e, em muitos casos, sem a necessidade de carimbo da prefeitura, do governo estadual ou federal. Acontece e ponto. Apoio das esferas do governo? Sempre bem-vindo. Intervenção e uso político? Nunca!

Política cultural envolve uma porrada de coisas, de transporte público diuturno a segurança. Mas não envolve repressão e fechamento de bares e casas noturnas.

Política cultural envolve criar mais áreas verdes na cidade. O caso do terreno vazio da rua Augusta, por exemplo, não devia chegar nem perto de virar polêmica: a área deve virar um parque. Ponto. Ou você acha que SP precisa de mais supermercados e shopping centers?

Cidades existem para serem ocupadas e ocupação depende, entre outras coisas, de deslocamento. Uma cidade como São Paulo, que vira e mexe é comparada às grandes capitais mundiais como Nova Iorque e Tóquio, deve para seus habitantes um sistema de transporte que funcione durante toda a madrugada. Faça isso e não vai demorar para você observar o número de acidentes causados por motoristas bêbados cair consideravelmente.

São Paulo já tem uma vocação cultural tremenda. Cabe ao próximo prefeito entender que vocação existe para ser desenvolvida, não imposta. Arte não pode ter dia nem hora marcada pra acontecer.



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