sexta-feira, janeiro 16, 2009

Cuspe

estico as mãos na frente do teclado como se fosse disparar uma metralhadora. Tá mais pra cuspe. Não contra nada, não contra ninguém. Cuspe assim, como quem está andando na rua e pára (segundo as novas regras do português canônico é "para", depois querem que levemos essa língua a sério) para cuspir. Já viram a cena? O sujeito para. Limpa a garganta. Puxa do âmago aquele escarro que o entope e o deita no asfalto, para quem quiser pisá-lo.
E pisamos. Andando nessa ou naquela rua. São milênios de escarro intencionais ou não. São desabafos e desagravos nas solas dos nossos sapatos. São juras de morte amontoadas sob décadas de desabafos inúteis. É o governo que não funciona. É o lixo e a lama. É a lama, é a lama.
Daí você se pega cuspindo. Garganta travada. Gosto amargo. É seu fígado? E se for? E daí?
Cospe que seu cuspe chega à lua. E volta na sua cabeça, natureza do cuspe.
Chato pra cacete, né?

Um comentário:

Anônimo disse...

Chato o esquimbau! Sensacional! Ninguém esclareceu tão bem a natureza do cuspe.

Muito bom, amigo

Tenório