terça-feira, maio 05, 2009

Virada Cultural 2009 - um apêndice

Durante o show do Odair José, conversávamos Herbert e eu sobre o papel da música dita brega.
Afinal de contas, o que tem de diferente naquilo que cantam o Odair, ou o Benito di Paula, ou o Wando se comparados com grandes monstros masters da música brasileira?
Se esses falam de coisas como romance, traição, dores-de-cotovelo, não o fazem também Jobins, Buarques, Vinicius e Gilbertos?
(Tenho que tomar cuidado com esse post, corro o risco de falar bobagem ou inflamar ânimos).
Tenho pra mim que a grande diferença entre esses artistas esta na forma como se traduzem os mesmos sentimentos.
Tem gente que se emociona com Chico cantando "Eu te amo", tem gente que se esbalda com Odair cantando "Doméstica". No limite não estão falando das mesmas coisas?
Mais lenha na fogueira foi inconscientemente colocada pelo Lucas quando me mostrou um artigo do Diogo Mainardi na Veja Online (não vou me dar ao trabalho de linkar...busquem aí, se tiverem saco).
No dito, Dieguito - el pela saco - faz uma crítica dos shows do Radiohead e do Kraftwerk em SP mês passado. Usa o espaço pra dizer que não gosta, não vê sentido, sente que sua geração foi perdida musicalmente. Tudo com sua verve punheteira característica.
O amor do cara pelo próprio umbigo não é o ponto onde quero tocar.
O ponto é que tem muita gente que se preocupa demais com forma e esquece um pouco do conteúdo. ( Os belos livros da Cosac-Naify não seriam mais um sintoma desses tempos?)
Não estou pregando um libelo a favor da música brega, mas também não estou fazendo o inverso. A pergunta é clara: quando falamos de arte, não estamos jogando com os mesmos sentimentos humanos desde sempre, independente do pacote?

Um comentário:

Herbert Rodrigues disse...

Bela reflexão, Leo. Acrescentaria um detalhe: os ditos bregas falam para o povo, para as pessoas simples; os ditos MPB falam para a elite, a iluminada classe média intelectualizada. A diferença é os primeiros ouvem e sentem; os segundos não ouvem, não sentem e falam demais, tal como o sr. Mainardi.