terça-feira, novembro 29, 2005

saudades de piada

Já aconteceu com vocês: a turma conversando, a cerveja na temperatura certa, o papo animando; até que alguém pergunta - com a previsível dificuldade de se fazer ouvir numa roda animada - "já conhecem essa?".
Silêncio. Vem uma piada nova. Atenção fixa em cada palavra para decorar e depois - se a piada for boa - passar adiante, numa grande corrente que cruzava o país de bar em bar a cada fim de semana e que não ameaçava quem a quebrasse com azar no amor, falta de dinheiro ou atropelamento por manadas de elefantes.

E era boa a piada. Contar piada era uma arte onde tempo e ritmo eram imprescindíveis. O bom contador de piada sabia que mesmo uma piada ruim tinha seu momento; dependia do estado etílico da turma e outros fatores só conhecidos pelos iniciados como imitar bem um português ou um papagaio.
A piada abria uma longa sessão de piadas, novas e antigas - que se não eram cortadas no meio em uma sucessão de "essa é velha!" eram ouvidas de novo só pelo prazer de prolongar o riso.

Então, veio a internet e com ela as milhares de páginas dedicadas à piada. No princípio parecia uma boa idéia. Seria um jeito rápido e prático de montar um repertório considerável para a próxima cervejada. Em pouco tempo, porém a história mudou. Mais e mais gente passou a acessar a internet, e conseqüentemente as páginas de piada. Piadas circulavam pelos emails na velocidade da luz (28.8 kb/s) e não uma, ou duas em cada email mas às dezenas, aos borbotões! Listas de piadas em emails com títulos lacônicos como "curtinhas" e "portugueses" nos punham a par das últimas. A quantidade é tamanha que é impossível decorar uma ou duas e tratá-las com o devido carinho de guri que ganha pião novo e leva pra escola pra mostrar pros amigos.

Finalmente a hiperexposição levou à indiferença e hoje vivemos tempos tristes. Não há mais espaço para a piada nova, espontânea no bar...alguns bravos ainda tentam uma resistência aqui e ali, perguntando "já conhecem?". Já...já conhecemos...

Talvez fosse a hora de iniciarmos uma campanha pela reabilitação da piada. Um movimento pelo retorno da piada a seu lugar de direito, o bar. As ações poderiam ser muitas: de tirar sites de piada dos favoritos a responder emails contendo piadas com palavrões para o remetente.

Avante, amantes da piada! Evoé, galhofeiros etílicos! Axé, fanfarrões do ao vivo e a cores!


4 comentários:

Anônimo disse...

Oi Leo, precisamos sair para trocar umas piadas. Saudades, beijos.

Anônimo disse...

Então...
Eu me recuso a ler piadas por e-mail!!!
Realmente, perde todo o encanto!!!
Vamos aceitar a sugestão da Ana e marcar de trocar piadas, bebendo uma boa e gelada birra!
Bjos.

Anônimo disse...

De fato é dificil mesmo apreciar uma piada, sozinho na frente do computador especialmente se se está no trabalho.

Nada como rir junto com amigos, desde que ninguem proponha representar a piada, estar sob uma leve graduação etilica e ligeiramente engordurado de umas calabresas e uns provolones.

Mas não resisto a contar uma, mesmo estando totalmente sóbrio e asseptico:

" Dois amigos saem pra caçar. Lá pelas tantas, bem no meio do mato, um deles tem um ataque e cai fulminado. O outro pega o celular e liga pro 190 apavorado narra o que aconteceu e ouve do outro lado:

- Calma amigo, nós vamos ajuda-lo. Primeiro precisamos ter certeza de que seu amigo está morto.

- Certo um momento então...

Deixa o telefone e ouve-se um barulho de tiro.... Volta pro telefone e diz:

- Ok. e agora?


Abraços

Jonas

Anônimo disse...

ô, Leo, bem interessante essa tua reflexão, viu? Nada se compara a uma piada bem contada e a gargalhada compartilhada!