terça-feira, maio 02, 2006

Botequeiros do futuro

Que será dos botequeiros do futuro? Tenho medo! Foi-se o tempo de acompanhar o pai e o tio ao bar antes do almoço de domingo e acompanhar a cerveja deles com um guaraná caçulinha. Foi-se o tempo de ir ao bar do Seu Manoel comprar cigarro para o pai e assistir àquele festival de risadas, brigas por causa do futebol, de mulher, de política.

Bar pra mim sempre foi isso: lugar de confraternização, de idéia, de sonhos variados. A idéia cresceu comigo até que teve o dia em que chamei meu pai para tomar a primeira cerveja com ele. Foi meu aniversário de 18 anos e preciso confessar que não foi minha primeira cerveja. Mas teve um gosto bom, de tradição passada adiante, de rito de passagem.

Não vejo mais tantos filhos acompanhando seus pais naquela "passadinha pra dizer um oi e logo vou pra casa tá meu bem?", "Você vai é encher a cara!...etc". Na verdade não vejo mais muitos filhos acompanhando pais pra lugar nenhum. De tão rara a cena chego a ficar enternecido vendo um garoto levado pela mão por um pai, só os dois. Já posso ver um fenômeno iniciado faz pouco se alastrando pelos anos: o bar sendo só mais um lugar. Lugar físico, igual a uma padaria, uma farmácia, um lava-rápido destituído de personalidade, esta criada pelos seus frequentadores mais assíduos e zelosos. Bar está virando lugar de passagem. Bar está virando nome feio. "Vamos ao bar?" pode soar ofensa: "Tá me chamando de cachaceira?" - aliás talvez esteja aí a razão de tanto serviço diferenciado em determinados "bares", entre aspas, pra diferenciar. Certos "bares" hoje tem pratos diferenciados criados exclusivamente pelo chef buscando uma síntese entre o frescor da cozinha brasileira e a sofisticação da haute-cuisine, saca? Tem garçom de bar hoje que não sabe fazer Maria-Mole nem Bombeirinho.

Experimentasse o cidadão de 20, 30 anos atrás entrar num bar e pedir um filé à Osvaldo Aranha para ver a interrogação na cara do balconista e receber em resposta um "Só tem misto-quente, ou bauru, ou coxinha"; aliás, até os salgadinhos ficaram frescos: coxinha cremosa, que que é isso meu Deus?

Que será desses meninos que não conseguem dizer bar sem ruborizar ou correr pra lavar a boca com sabão? Que fiquem com suas frescuras. Eu quero é cerveja e coxinha, com a pimenta aquela, que matou o guarda.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Leo vc realmente me fez lembra minha infância...Hoje não existe mesmo todo esse glamour...Até estão tentando reviver mas não conseguem...Bem só posso dizer q vc mandou muito bem...

Jaded disse...

realmente... foi se o tempo em que sempre tinha um bar/boteco perto de casa, que, quando criança, a gente ia comprar bala, trocar cascos de refrigerante, ou de cerveja, e ficava olhando aquele monte de gente "adulta" se divertidno e dando risadas. Realmente, penso que da próxima geração, poucos vão saber o que é e qual é a graça de um para um bar e lá ficar batendo papo. adorei o seu texto.

Anônimo disse...

os pais é que estão sendo arrastado pelas criancinhas: pra frente das vitrines dos shoppings.

Anônimo disse...

leo é gênio... em poucas palavras me fez chegar às profundas de minha ifância, em que as coisas eram mais simples, sei lá. do teu primo du.

Čēšåř ₣∙Ċ· đё Ǻľmëîđå disse...

Tudo hoje é importante, o trabalho os estudos a cultura, mas e a tradição, os amigos o bate papo informal, as lamentações o murmurios e a gargalhadas. Será que o futuro reserva a nossos herdeiros casas cheias de parafernálias eletrônicas comodidades diversas e nenhuma aproximação de pessoas diferentes ?
Será que o incerto os petiscos e a cerveja gelada com os amigos será só uma lembrança ?
Tenho medo disso...

Anônimo disse...

bebado que é bebado bebe em qq lugar, melhor ainda se for num boteco comos os de antigamente com caixas de cervejas de madeira, rsrs, é leo nada com um bom boteco de verdade....me lembro que a primera cerveja em lata q vi na vida foi a skol, nossa qto tempo..., leo fica aqui meu abraço

..MOCA