segunda-feira, agosto 07, 2006

Alucinógenos

A cerveja esquentava no copo à sua frente. As gotas de água condensada escorriam mesa afora e molhando seu colo. "Guardanapos, por favor". O guardanapo vagabundo se misturava com a água e sujava sua calça.
O cara da mesa ao lado lhe pediu fogo. Ajustou o lança-chamas e acendeu o cigarro causando apenas um vermelhão no nariz do vizinho: "Valeu brou". Uma manifestação em prol do amor livre entre cangurus se reuniu na esquina, esperando o farol abrir e a banda de músicos peruanos passar tocando "el condor pasa", o cara que pediu fogo saiu voando imitando um cuco.
Seu amigo chegou andando com as mãos e se sentou nas mesa em posição de lótus, eu disse na mesa: "Não vai acreditar em quem encontrei hoje..." Ele falava, mas o outro estava prestando atenção nas líderes de torcida que espancavam um gorila na outra calçada.
Besouros passam em marcha carregando um sultão gordo e risonho que abana para o pessoal do bar, ele acena de volta.
O sol se põe e nasce do outro lado ao som de música de desenho animado, enquanto ele pede outra cerveja e outro côco à milanesa. Seu amigo agora fala chinês com um leve sotaque turco.
O pelicano no balcão do bar, que até agora estava imóvel, sugere à moça ao seu lado que tire a roupa para que ele coma...a roupa, bem entendido. A moça pede referências e outro chá verde.
Chegam os elefantes e ele decide que é hora de ir embora.

Nenhum comentário: