terça-feira, junho 26, 2007

O caroço da questã

Semanas atrás assistimos palestra com o jornalista William Waack, apresentador do Jornal da Globo, daquela emissora. O objetivo não ficou muito claro, mas ficou a impressão de que seria dar um panorama da imprensa brasileira atual.
Inevitavelmente um dos assuntos discutidos foi a grande quantidade de escândalos que pipocam no governo do, nas palavras do grande Elio Gaspari, Nosso Guia e a terrível constatação de que o brasileiro perdeu a sua capacidade de se indignar e de reclamar; de ir à rua e se mostrar indignado.
Espaço aberto a perguntas, questionamos o profissional se não seria também papel da imprensa dar maior ênfase à análise acurada dos fatos ao invés da simples repetição e divulgação uma vez que, pela quantidade de escândalos, essa tendência poderia provocar um efeito anestésico nos receptores da notícia.
William foi categórico em não dizer nada. Nem que sim nem que não. O debate é complexo, sabemos, mas o espaço para discussão e análise ainda é restrito.
Me pego agora lendo na Folha Online esta matéria comentando o fato de a Sra. Mônica Veloso, jornalista, mãe de uma filha de Renan Calheiros e um dos pivôs do escândalo mais recente, ter manifestado seu interesse em posar nua para uma revista masculina. E mais! Essa mesma revista estar interessada sim em exibir as fotos da nobre cidadã. A matéria até chama a jornalista de "musa do escândalo".
Não faz muito tempo, durante outro escândalo, o do valerioduto ( que também se chamou Mensalão) a secretária Fernanda Karina Ramos Somaggio, manifestou pretensão parecida com a sra. Monica, chegando inclusive a fazer ensaio "sensual" para a própria Folha de S. Paulo na sua versão online.
Vamos assim, numa corda bamba entre a notícia bombástica, a denúncia gravíssima e a chacrinha, a leviandade.
As denúncias do caos aéreo gravitam entre bravatas do lado do governo e das forças armadas, as denúncias dos controladores e os repórteres de plantão nos aeroportos preocupados não em entrevistar ou localizar autoridades que possam dar opinião oficial - ou mesmo funcionários com versões oficiosas - sobre os fatos; buscam antes, quando não somente, a opinião da senhorinha cansada, da família em pé faz 4 horas. Ora! Estes estão obviolulantemente indignados com o fato de terem seus vôos cancelados.
Sr. William, concordo com a opinião de que o papel da imprensa é informar. Concordo que a velocidade das informações e dos escândalos que grassam nem sempre permite uma análise ou a busca de opiniões de especialistas a priori. Questiono o carnaval. Questiono a bufonice em que terminam as coberturas dos escândalos; essa postura sim sr. William, é a responsável pela falta de indignação e pela anestesia geral no moral da patuléia.

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